Pra ler ouvindo: Vienna - Billy Joel
Quero começar com algumas perguntas: quando você era criança, como você se imaginava adulto? Com todas as respostas, talvez? Com um pouquinho mais de equilíbrio? Com níveis de sucesso que agora nem fazem mais tanto sentido? Achando que a felicidade estaria em um emprego? O que as pressões sociais te convenceram que você já tinha que ter feito na idade que tem agora?
Ninguém prepara a gente para a transição entre o sonho e a vida real, né?
Muito recentemente eu fiz 25 anos e acho que me encontro em crise, rs. Se você já passou por isso, com certeza deve tá batendo na perna, rindo e inclinando a cabeça pra trás pensando “a crise dos 20 e tantos não é nada comparada a crise dos (insira aqui sua idade)”. Eu sei. Todo mundo tem uma crise para chamar de sua. Mas essa é minha primeira vez tendo 25 anos – e vivendo. Pegue leve comigo (digo para mim mesma encarando o espelho).
Ouvi de uma amiga que essa é a idade oficial da vida adulta. É a idade em que atendentes de banco trocam “moça” por “senhora” sem etarismo, só pra imprimir respeito mesmo. É a idade que perguntam seu estado civil e você pensa: “solteira?? Adolescente nem pode casar”. E é a primeira vez que pessoas da sua idade não estão fazendo nada em comum. Eu ainda tenho uma boyband favorita, e tenho amigas da mesma idade que são mães. Conheço gente mochilando no Japão, ao mesmo tempo que conheço gente que não pega ônibus sem os pais. Afinal, em que extremo eu deveria estar?
Eu não sei o que prometeram para você nos seus 20 e tantos. Mas confesso que fiquei um pouquinho decepcionada com o mundo que me entregaram, rs. Sei lá, catástrofe climática, substituição da mão de obra humana por inteligência artificial, cassino online e onda de coaches não fazia muito parte da minha ilusão de vida adulta nos anos 2010. E como essa ilusão é construída aos pouquinhos no nosso imaginário, né?
O ideal de performance é nutrido desde muito cedo nas nossas cabeças: com o que temos que trabalhar, quanto temos que trabalhar, por onde devemos andar, quais conexões devemos fazer. Ao longo dos anos vamos nos desconectando do que consideramos prazer para importar as noções de sucesso e satisfação de outras pessoas.
Pouco importa se você é uma criança vivendo no extremo do semi-árido norte-rio-grandense, como eu fui, você quer ser mesmo é a Andy de "O diabo veste Prada", tomando esculacho de chefe e andando bem bonita pelas ruas de Manhattan. Até que você descobre que Manhattan vai ser no máximo São Paulo, que não vai dar pra usar Prada e que viver em função do trabalho é o oposto de cool.
Enquanto essa iluminação não chega você vai se culpar – e é aqui onde mora a crise. Os limites entre quem você gostaria de ser aos 10 e quem você é hoje parecem cada vez mais apertados, urgentes e desesperadores.
Conscientemente, sabemos que nada disso é possível, mas é o inconsciente que manda nas nossas emoções. Quando vemos o influenciador de 20 e poucos anos postando em um story tudo o que vamos demorar uma vida para conquistar, ou o coach que diz que a única coisa que nos separa dessa realidade econômica é a nossa preguiça e falta de proatividade, é muito difícil pensar com o recentemente formado córtex pré-frontal em vez de com os sentidos mais primitivos das amígdalas.
O que você faria se ouvisse mais a sua voz do que as expectativas alheias?
Para dar um break da crise e relaxar um pouquinho, fomos convidadas por Elma Chips® Amendoins para falar sobre o Método Amendoísmo de ver a vida. Eu, particularmente, tô achando muito chique ter esse espaço na newsletter com marcas que apoiam e fazem esse trabalho (que também é o meu) continuar existindo <3.
O Amendoísmo nada mais é do que um chamado para deixar de lado os discursos que nos esgotam para abraçar aquilo que é nosso direito: ouvir as nossas próprias vontades. Pensando nisso, deixo aqui três conselhos que gostaria de ter lido antes dos 25 – mas que servem pra qualquer idade – para "descoachizar" o seu pensamento sobre trabalho, performance e realização, inspirados por essa canção que é o grande hino anti-burnout de todas as gerações. Vamos nessa?
Que nós somos obcecados por performance, isso já sabemos. Mas será que tudo não seria mais leve se no lugar de focarmos na linha de chega, focássemos no caminho? Tenho certeza que você ia descobrir que fez muito mais do que acredita — e, talvez, normalizasse fazer mais pausas durante o caminho.
Sabe quando tudo que você quer é sentar no sofá e assistir sua série de conforto comendo seu Elma Chips® Amendoins ou só ficar jogando conversa fora com seus amigos? Mas aí, no lugar de buscar nesses momentos o respiro do seus dias, você se sente na obrigação de ir naquele evento fazer o networking, de ir numa festa que nem estava tanto afim, de entuchar mais um curso para fazer? Nessas horas, é importante lembrar que corresponder menos as expectativas sociais é justamente o que vai te dar mais sensação de realização — e não o contrário.
Uma vez li que a vida é aquilo que acontece quando a gente se distrai de tudo que tem que fazer. Para essa idade que você tem agora – e para todas as que virão daqui pra frente – eu desejo muito que você consiga substituir os “tem que” por “eu quero”. De vez em quando, a gente precisa mesmo querer mais do que só uma lista de tarefas. Afinal, a sua vida ta aí esperando por você.
Deixa o seu conselho aqui também?
Vai abrir seu amendoim, e relaxa! ;)
Não sei se meu comentário vai servir de algo, mas estou com quase quarenta e continuo em perpétua crise... Abraços e obrigado por este texto.
Essa leitura foi tão certinha pra mim que até parece que foi escrita em parceria com a minha psicóloga :)