O meio importa
"O meio é a mensagem"
O “meio é a mensagem” (Marshall McLuhan, teórico da comunicação) é uma frase que eu aprendi na faculdade de comunicação social. Na época não dei muita bola, mas agora, vivendo relações mediadas por tantos meios diferentes, ficou impossível não captar a mensagem.
O que ela quer dizer é que os meios pelos quais nos comunicamos determinam o tipo de mensagem que cada um consegue passar. E o tipo de mensagem que cada meio passa determina a qualidade da comunicação que é possível ter.
Quando a gente, por medo do atrito, da inconveniência e da falta de controle vai escolhendo um único jeito para se comunicar, a gente achata a nossa experiência humana.
Quando, por exemplo, você só paquera com coraçãozinho nos stories e aplicativo, só tem DR pelo Whatsapp e perde contato com o presencial, as mensagens que você está mandando também podem perder a capacidade de realizar o que você deseja por conta da pobreza comunicacional que os meios escolhidos oferecem.
Vou chamar aqui a maioral - a psicoterapeuta Esther Perel - para explicar o que a gente vive, por exemplo, ao tentar encaixar todo o nosso trabalho só no online:
Não dá pra esperar sentir o que você sentiria olhando no olho de alguém em uma mensagem mal escrita no Whatsapp.
Não dá pra achar que a vida inteira dá pra se apequenar pra passar pelo funil da tecnologia pelo pânico da inconveniência.
Se você aí do outro lado anda com aversão a falar pelo telefone ou encontrar presencialmente me conta: já tinha pensado sobre esse aspecto?
O meio importa.
E se a gente não presta atenção nisso, começa a substituir profundidade por rapidez e intimidade por conveniência. E o resultado a gente tem observado e sentido na pele: a epidemia da solidão.
Nem tudo dá pra caber numa notificação.
Se suas relações importam para você, talvez uma das perguntas mais importantes de se fazer seja: essa conversa merece outro meio?







Passei a morar num novo país ao mesmo tempo que iniciava uma carreira no digital. Todas as minhas relações passaram então a ser online. Hoje, 7 anos depois, vejo o dano à minha saúde mental! Chat gpt nunca vai conseguir nos dar o que a gente precisa: o bom olho no olho, falar ao vivo na mesa do bar!
Apesar de eu ser completamente a favor do trabalho remoto, de uns tempos para cá eu estou precisando estar uma vez por semana com uma das equipes, inicialmente achei muito ruim. Ultimamente tenho pensado que de repente essa uma vez poderia ser duas talvez. Realmente estar com as pessoas, às vezes, muda toda uma visão. Excelente texto!