Você pertence ao lugar em que tenta se encaixar?
Não há sensação melhor do que encontrar pertencimento
Não há sensação melhor do que encontrar pertencimento em lugares que você nem sabia que gostaria tanto de fazer parte.
Vou contar de duas experiências recentes que me fizeram pensar nessa frase acima.
A primeira foi fazer um TEDx — e sentir orgulho disso.
TEDx é um evento organizado de forma independente com licença do TED, que é uma plataforma global de disseminação de ideias inovadoras e transformadoras. Você com certeza já deve ter visto um TED, gente como Brené Brown e Bill Gates têm um pra chamar de seu. É uma honra imensa ser convidada para fazer um TEDx, que reúne pessoas cujas ideias e projetos geram impacto. Só essa frase já seria suficiente para entender a dimensão da coisa. Fazer um TEDx é um marco na carreira. Uau, tenho algo a dizer digno de um TEDx!
Lá fui eu para semanas de preparação, trabalhando em diversas versões de um texto, ensaiando sozinha, ouvindo minha própria voz em looping, ensaiando com preparadoras maravilhosas, fazendo anotações pra me guiar, ensaiando mais um pouco… Até chegar a Blumenau, conhecer os demais speakers e criar uma conexão instantânea com cada um ali (é bonito demais ver todo mundo ali vulnerável, se ajudando, vibrando. Qualquer semelhança com o que acontece num BBB já me faz achar plausível aquele bando de discurso emocionado, rs). Passando um dia inteiro no teatro, sentindo tantas emoções! Que nervoso, será que vou dar conta? Ansiedade a mil. Ensaio mais antes de dormir? Ouvindo os voluntários dizerem: confia, vai dar certo, aquele tapete vermelho tem uma magia.
E eis que chegou o momento, a hora de subir ao palco. Pra contar como a escrita me salvou e me salva e fazer um pedido: para que cada um de nós defenda a escrita como ferramenta de vida. Mais do que conseguir falar o que eu tinha escrito, eu queria fazer isso com presença, me divertindo, sem querer que o tempo corresse para aquilo acabar logo, sabe? Queria saborear cada instante, sentindo a magia do tapete vermelho. E eu consegui! Passei por um portal chamado TEDxBlumenau.
Quando saí, entrei num túnel de abraços, de palavras gentis, de uma emoção transbordante, que culminou, ainda, com quase três horas de uma sessão de autógrafos do meu livro (que esgotou por lá). Ouvi tanta coisa bonita que só posso reafirmar: escrever nos leva a lugares muito impactantes. Um momento inesquecível na minha vida.
A segunda experiência foi participar do Festival 3i - Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente, que reuniu, no Rio de Janeiro, jornalistas, pesquisadores, estudantes e empreendedores do Brasil e da América Latina para refletir sobre os desafios, novos caminhos e oportunidades que moldam o presente.
Sabe a melhor parte do Festival 3i pra mim? Perceber que tanto colegas quanto público começam a enxergar a @contente.vc como o que é: um veículo pautado no jornalismo.
Por muito tempo, fomos colocadas naquele balaio de “página de Instagram com um design bonito". Nosso design realmente é forte e nos ajuda a disseminar mensagens importantes. Mas a gente vai muito além de um “post bonito", ou “post instagramável". A gente faz jornalismo no seu sentido clássico: com apuração, dados, entrevistas. E a gente ainda conta com algo precioso: nossa comunidade. A Mariana Filgueiras, jornalista e professora da UFF (Universidade Federal Fluminense), disse uma frase que me impactou: “Vocês fazem uma reportagem viva, onde os personagens aparecem nos comentários". Eu sempre me surpreendo com o olhar do outro sobre o que fazemos. Esse olhar nos ajuda a enxergar o tipo de transformação que engendramos.
Fiz parte da mesa "Quem conta um conto sem aumentar um ponto: histórias jornalísticas em diferentes linguagens", junto com Maickson Serrão, do podcast Pavulagem, e Victor Moura, do Redes do Beberibe. “Desde suas origens, o jornalismo se nutre da arte de contar histórias — uma prática ancestral que atravessa culturas e tempos. Nesta mesa, vamos explorar como narrativas jornalísticas têm se reinventado por meio de diferentes linguagens, formatos e estéticas no mundo contemporâneo. Em um cenário marcado por múltiplas plataformas e públicos diversos, os convidados discutirão como aliar inovação e criatividade à apuração rigorosa dos fatos, reafirmando o papel do jornalismo na escuta, na construção de sentidos e na mediação da realidade.”
Foi uma troca tão importante. Quem quiser consegue ver aqui:
E ali, naqueles corredores, a cada conversa eu ia percebendo que o mundo lá fora já se deu conta da mudança aqui dentro. A @contente.vc é muito maior do que posts bonitos no Instagram. A gente sensibiliza a sociedade diante de temas contemporâneos urgentes. E fazemos isso numa linguagem que faz com que cada vez mais gente faça essas pautas reverberarem. Como é importante esse reconhecimento dos pares, de quem está na luta por fazer o jornalismo ganhar novamente a importância que ele sempre teve durante toda a história.
A internet nos distrai de muita coisa. Até da gente mesma. A gente passa o dia vendo trechos das vidas de quem escolhemos acompanhar — ou de quem nos acostumamos a acompanhar e nem sabemos mais porquê. E cada um está construindo sua narrativa épica de sucesso, participando de eventos gigantes, de programações hiperbólicas. (A gente também, em certa medida.) De repente, a gente acha que gostaria de estar num determinado lugar, evento, palco. Quase como numa necessidade constante de fazer parte, de evitar o Fomo (medo de estar perdendo algo). Mas será mesmo? Será que não é só mais ruído dizendo faz, faz, faz?
Morar numa cidade como São Paulo me distrai também. É tudo tanto. Pra tanta gente. Tem evento todos os dias. Palcos de todos os tamanhos. Público sempre. E é isso que faz a magia da cidade que eu tanto amo e chamo de casa. Mas é, também, o que tira um pouco da surpresa, do deslumbre, do encantamento, dos encontros com interesse genuíno em entender o que o outro faz, mais do que colocá-lo em caixinhas. Estar em outras cidades tem parecido tão mais especial pra mim. Foi assim no Recife, quando lancei meu livro por lá. Foi assim em Blumenau, foi assim no Rio. São Paulo, eu te amo, mas você me exige demais, e eu sou boa de fazer sempre mais… Que equação difícil.
Ao pisar nos palcos do TEDxBlumenau e do Festival 3i, me senti pertencente. Me senti entre os meus — mesmo que tivesse acabado de conhecê-los. Vi o interesse genuíno diante do nosso trabalho, aquele brilho no olho de trocar ideia, a vontade de entender como desbravar caminhos para continuar apostando no que a gente faz.
Às vezes a gente quer se encaixar porque acha que determinados lugares são pra gente. Até nos encantamos com o novo, que sempre vem.
Qual foi a última vez que você se sentiu assim? Que sentiu essa alegria boa de fazer parte, de ter as discussões que você mais gostaria de ter? Por outro lado, onde você já tentou muito se encaixar e quase nunca ficou com a sensação de “é isso"? Se você mora em São Paulo, como tem lidado com os excessos da cidade? Como tem buscado “sua turma", em meio a tantos estímulos e tantas opções?
Eu tb achava que a Contente era uma página interessante do IG... Até ler um pouco das entrelinhas, rs. Pertencimento é mesmo algo incrível! Na minha bolha, a do Magistério, a gente faz igual aos alunos: encontra uns "esquisitos" igual a gente, e tenta manter por perto... ❤️ Sobre os excessos de SP, uma postura adquirida depois de muita terapia tem ajudado: dizer não.
Dani, você é a Content inspiram! Esse texto é incrível